Jamil Chade, enviado especial
Imprimir
Tomaz Silva/Abr
Papa admite incoerência da Igreja
Francisco tem evitado temas como os escândalos sexuais da Igreja
O papa Francisco reconheceu pela primeira vez em público as "incoerências" da Igreja e, em plena Jornada Mundial da Juventude, costura politicamente sua reforma da Cúria - que será iniciada assim que retornar a Roma. Durante a via-crúcis realizada nesta sexta-feira (26) na Praia de Copacabana, o pontífice fez um mea-culpa, diante de uma Igreja que ele assumiu. Em um recado a todos que estão insatisfeitos com as instituições católicas, pede que voltem a colocar Cristo no centro de suas vidas. "Jesus se une a tantos jovens que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho", declarou o papa.
Em pouco mais de quatro meses de pontificado, Francisco tem evitado temas como os escândalos sexuais da Igreja. Mas sabe que os problemas afetaram de forma profunda a imagem e a credibilidade do Vaticano. Parte deles vem justamente de dezenas de padres e bispos que, por anos, abafaram escândalos em comunidades, enquanto a Santa Sé fez vista grossa.
Sua referência no discurso de na sexta-feira foi um sinal, segundo o Vaticano, de que o papa sabe que precisa lidar com esse assunto em algum momento. E, de uma forma mais geral, terá de começar a passar dos símbolos a uma concretização de suas promessas de mudanças.
Fontes do Vaticano admitiram que o papa tem colocado a reforma da estrutura da Igreja como prioridade e, nos últimos meses, tem dedicado uma parte importante de seus dias para estudar formas de promover a mudança.
Seu cronograma não mudou, nem mesmo durante sua estada no Rio. Na terça-feira, enquanto o Vaticano anunciava que seu dia havia sido de "descanso", a realidade é que o papa usou o momento para se reunir com grupos religiosos e cardeais latino-americanos para estudar projetos de reforma. Na residência do Sumaré, promoveu reuniões de trabalho, recebeu lideranças e discutiu planos concretos.
A principal meta é a de criar uma estrutura que permita que brigas pelo poder sejam diluídas e uma gestão moderna seja implementada em um órgão de séculos, que há muito tempo não é modificado.
Bispos
Mas, para realizar a reforma, Francisco já foi alertado que terá de construir consensos e atrair propostas "das bases". Isso porque, em parte da Cúria, o papa poderá encontrar certa resistência e, para superá-las, terá de convencer que o projeto não é apenas dele, mas o resultado de debates. Na prática, isso está sendo traduzido em um apelo para que bispos de várias regiões apresentem ideias e projetos.
O cardeal brasileiro João Braz de Aviz disse que, nas próximas semanas, "boas notícias" serão dadas, em uma referência a mudanças que serão anunciadas. "O papa vai mostrar que podemos ter uma Igreja mais leve, mais simples", declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Imprimir
Tomaz Silva/Abr
Papa admite incoerência da Igreja
Francisco tem evitado temas como os escândalos sexuais da Igreja
O papa Francisco reconheceu pela primeira vez em público as "incoerências" da Igreja e, em plena Jornada Mundial da Juventude, costura politicamente sua reforma da Cúria - que será iniciada assim que retornar a Roma. Durante a via-crúcis realizada nesta sexta-feira (26) na Praia de Copacabana, o pontífice fez um mea-culpa, diante de uma Igreja que ele assumiu. Em um recado a todos que estão insatisfeitos com as instituições católicas, pede que voltem a colocar Cristo no centro de suas vidas. "Jesus se une a tantos jovens que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho", declarou o papa.
Em pouco mais de quatro meses de pontificado, Francisco tem evitado temas como os escândalos sexuais da Igreja. Mas sabe que os problemas afetaram de forma profunda a imagem e a credibilidade do Vaticano. Parte deles vem justamente de dezenas de padres e bispos que, por anos, abafaram escândalos em comunidades, enquanto a Santa Sé fez vista grossa.
Sua referência no discurso de na sexta-feira foi um sinal, segundo o Vaticano, de que o papa sabe que precisa lidar com esse assunto em algum momento. E, de uma forma mais geral, terá de começar a passar dos símbolos a uma concretização de suas promessas de mudanças.
Fontes do Vaticano admitiram que o papa tem colocado a reforma da estrutura da Igreja como prioridade e, nos últimos meses, tem dedicado uma parte importante de seus dias para estudar formas de promover a mudança.
Seu cronograma não mudou, nem mesmo durante sua estada no Rio. Na terça-feira, enquanto o Vaticano anunciava que seu dia havia sido de "descanso", a realidade é que o papa usou o momento para se reunir com grupos religiosos e cardeais latino-americanos para estudar projetos de reforma. Na residência do Sumaré, promoveu reuniões de trabalho, recebeu lideranças e discutiu planos concretos.
A principal meta é a de criar uma estrutura que permita que brigas pelo poder sejam diluídas e uma gestão moderna seja implementada em um órgão de séculos, que há muito tempo não é modificado.
Bispos
Mas, para realizar a reforma, Francisco já foi alertado que terá de construir consensos e atrair propostas "das bases". Isso porque, em parte da Cúria, o papa poderá encontrar certa resistência e, para superá-las, terá de convencer que o projeto não é apenas dele, mas o resultado de debates. Na prática, isso está sendo traduzido em um apelo para que bispos de várias regiões apresentem ideias e projetos.
O cardeal brasileiro João Braz de Aviz disse que, nas próximas semanas, "boas notícias" serão dadas, em uma referência a mudanças que serão anunciadas. "O papa vai mostrar que podemos ter uma Igreja mais leve, mais simples", declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário