Peguei Este Depoimento Do Jornalista Jota Fagner,Devido a importancia de suas palavras sobre a diferença da imprensa classica,e da atual...Com os sites e blogs.
Fonte: blog; Portal da Renda.com
Jota Fagner
Peço permissão para um comentário mais longo, mas que não foge ao cerne deste artigo e da temática do blog em si:
Aprendi muita coisa aqui no Escola Dinheiro. Tenho acompanhado desde a época em que ainda se chamava Fique Rico. Excetuando o trabalho que é tentar garimpar informação relevante no meio de tanta publicidade, o Blog tem ajudado muito. Acredito que não só a mim.
Cheguei até a comprar o livro digital produzido por este veículo.
No entanto, até pouco tempo, os artigos aqui publicados pareciam escritos exclusivamente para os mecanismos de busca. Esse fator torna a leitura muito cansativa e dá, muitas vezes, a impressão de que a credibilidade do blog é um tanto duvidosa. Não falo por mim, como eu disse, acompanho já há um bom tempo, e garimpo as informações no meio de todo o resto. Alguns colegas (e não foram poucos) para os quais apresentei o blog desistiram antes de terminarem o primeiro artigo.
Sou jornalista e os colegas, para os quais apresentei o blog, são também jornalistas. A importância que damos à qualidade do texto não precisa ser comentada. O trabalho do jornalista, ou do comunicador, de modo geral, é apresentar ao cliente (leitor, ouvinte ou telespectador) um conteúdo de fácil assimilação, com qualidade na escrita, menor quantidade de erros possível e com uma linha divisória entre a publicidade e o conteúdo informativo.
Não me entenda mal, não digo que os blogueiros devam fazer um trabalho jornalístico, nem muito menos quero reascender as brigas entre um grupo ou outro. A minha intenção é, na verdade, a de procurar um meio termo. Vejo que muitos jornalistas ainda não compreendem as técnicas para a plataforma digital, por outro lado, muitos blogueiros apenas replicam conteúdo. Outros, como é o caso deste blog, possuem o marketing muito agressivo.
Os blogs permitiram a um número muito maior de pessoas amplificar sua voz, de modo que era impensável há 20 anos.
Para imprimir e distribuir um jornal diário, era preciso uma equipe grande e qualificada – e maior ainda para produzir e transmitir um telejornal. A concorrência era limitada por esses custos e dificuldades, bem como pelo alcance geográfico de caminhões de entrega e sinais de transmissão. No pequeno número de organizações com meios para criar e distribuir notícias, estruturas profissionais completas foram erigidas.
Essa institucionalização se deu primeiro em jornais e revistas; a máquina impressora precedeu não só o rádio e o cinema, mas também o motor a vapor e o telégrafo. A estrutura profissional de repórteres, editores, publishers e, mais tarde, ilustradores, diagramadores, checadores e todo o resto do aparato utilizado na produção de um jornal foram erguidos em torno de – ou literalmente “sobre” as – gigantescas máquinas que aplicavam a tinta ao papel. Departamentos de jornalismo de emissoras de rádio e TV seguiram o mesmo padrão, inventando categorias e práticas profissionais para subdividir e sistematizar tanto o trabalho como distintas categorias de profissionais envolvidos na produção de notícias para a radiodifusão.
Foi então que chegou a internet, cuja lógica básica – a reprodução digital, disponível universalmente, sem divisão de participantes em produtores e consumidores – bate de frente com princípios organizadores da produção jornalística vigentes desde o século 17. A abundância cria mais ruptura do que a escassez; quando todo mundo de repente passa a ter muito mais liberdade, toda relação no velho modelo – no qual o meio de comunicação cobrava para “operar o gargalo” – pode ser questionada.
Um tema parecido é a imprevisibilidade e a surpresa. Aqui, a explicação para a crise atual é que mudanças recentes foram tão imprevisíveis e vieram de forma tão rápida que organizações tradicionais foram incapazes de se adaptar. É outra visão equivocada: ainda no fim da década de 1980 já havia projeções plausíveis do problema que a internet causaria para a indústria jornalística e, apesar de muito se falar da “velocidade da internet”, o ritmo dessa mudança foi glacial; se partirmos de 1994 (ano em que a internet comercial se difundiu para valer), executivos tiveram 75 trimestres consecutivos para se adaptar.
Relatos isolados de adaptação (ainda que triunfal) ao atual ecossistema deixam claro quão difícil é essa adaptação. Em agosto de 2011, por exemplo, o New York Daily News fez uma inovação na cobertura ao vivo do furacão Irene, substituindo a página principal do site do jornal por um blog em tempo real, o Storm Tracker.
Isso feito, o jornal despachou repórteres para as ruas. Munidos de câmeras e celulares (em geral, o mesmo aparelho), foram registrar de tudo: o processo de evacuação, a luta de moradores para se proteger da tormenta, os efeitos do vento e da água em si. Essa cobertura ao vivo foi intercalada com informações de serviços de meteorologia, de serviços de emergência e da prefeitura, tudo ocorrendo paralelamente à tempestade.
A cobertura ao vivo da catástrofe no blog do Daily News foi um êxito e rendeu grandes elogios ao jornal. Só que por pouco não ocorreu. O que precipitou o projeto Storm Tracker não foi uma estratégia nova para o meio digital, mas o colapso de uma velha. Já que a sede do Daily News fica em uma região de Manhattan sujeita a alagamentos, a polícia limitou severamente o número de trabalhadores que podiam chegar ao lugar no fim de semana em que o Irene passou pela ilha. A princípio, isso não impediria que se subisse conteúdo digital no site – salvo pelo fato de que o sistema de gestão de conteúdo do jornal fora projetado para dificultar o acesso de quem não se encontrava no prédio.
Como dito anteriormente por Anjali Mullany, pioneira no uso ao vivo de blogs no Daily News e responsável pela operação Storm Tracker, a necessidade de erguer um processo de produção em torno do CMS é um grande obstáculo (não raro invisível) a tentativas de inovação. Nesse caso específico, o Daily News tinha pegado uma ferramenta que podia ter permitido o acesso de qualquer funcionário do jornal, em qualquer lugar do mundo, e acrescentado mecanismos de segurança que, na prática, faziam o recurso agir como uma velha rotativa a vapor: o trabalhador tinha de estar perto da máquina para operá-la – ainda que no caso a máquina fosse um computador ligado a uma rede mundial.
A necessidade por trás do lançamento de Storm Tracker, em outras palavras, não foi achar um jeito novo de levar informação à população de Nova York durante uma tempestade das grandes, mas simplesmente descobrir uma maneira de manter o site no ar quando péssimas decisões de engenharia colidiram com uma tragédia climática.
Esse foi um fator essencial no lançamento do Storm Tracker. Havia outro. Em entrevistas com Mullany sobre o sucesso do projeto, a jornalista observou que por sorte o Irene chegara no final de agosto e não no início de setembro. É que no final de agosto o grosso da alta chefia estava de férias. Não podia, portanto, reverter a decisão do pessoal de escalão inferior, que entende mais de internet, de testar algo novo. (um triste epílogo: durante o furacão Sandy o prédio do Daily News foi alagado e os usuários do CMS tiveram o mesmo problema que durante o Irene; passado um ano da primeira crise, ninguém tinha adaptado o sistema para permitir a ação de uma força de trabalho distribuída).
Durante a retirada de manifestantes do movimento Occupy Wall Street de uma praça em Nova York, em novembro de 2011. A notícia não foi veiculada primeiro pela imprensa tradicional, mas pelos próprios acampados, que avisaram sobre a ação da polícia por SMS, Twitter e Facebook.
Participantes do protesto geraram mais fotos e vídeos do episódio do que meios tradicionais, em parte porque a esmagadora maioria das câmeras estava nas mãos de manifestantes e, em parte, porque a polícia barrou helicópteros da imprensa do espaço aéreo sobre a praça. Repórteres no local escondiam crachás de meios de comunicação, pois o cidadão comum tinha mais acesso à cena dos fatos do que gente credenciada da imprensa.
Um exemplo dessa fase de “apuração” dos fatos veio do blog de ciclismo NY Velocity, fundado em 2004 por três fãs do esporte, Andy Shen, Alex Ostroy e Dan Schmalz. Embora o propósito básico do site fosse cobrir o ciclismo em Nova York, seus criadores foram ficando cada vez mais perturbados com o silêncio público e consciente diante da possibilidade de que Lance Armstrong, sete vezes vencedor do Tour de France, tivesse apelado para a eritropoietina (EPO), um hormônio que aumenta a resistência do atleta. O site entrevistou Michael Ashenden, o médico australiano que criara um teste para detectar a presença do hormônio; na entrevista, Ashenden afirmou que, tendo testado uma amostra de sangue de Armstrong colhida no Tour de France de 1999 (que ele venceu), sua opinião era que o atleta usara, sim, a substância. Foi uma reportagem exclusiva, no velho formato jornalístico. A entrevista, de 13 mil palavras, serviu para galvanizar a opinião de ciclistas que achavam não só que Armstrong conquistara essas vitórias injustamente, mas que o jornalismo desportivo profissional estava disposto a fechar os olhos para o fato. Já os fundadores do NY Velocity estavam dispostos a buscar a verdade de forma tenaz e pública; além de terem suas suspeitas confirmadas, no final também mostraram que profissionais da imprensa simplesmente não estavam cobrindo o fato como deviam – e que gente da área em questão, com empenho e conhecimento dos fatos, podia muito bem preencher essa lacuna.
Em resumo: temos uma imprensa que se adapta muito lentamente e temos os comunicadores digitais que nem sempre estão empenhados em produzir o melhor conteúdo. Pensam, antes, na forma mais eficiente de ganhar dinheiro. Não sou inocente. Percebo que a produção de notícias, mesmo num simples blog, demanda tempo e dinheiro, e sei que o articulista precisa ser remunerado.
Mas, diante de tudo isso, será que não chegou a hora de um maior empenho na produção de conteúdo em detrimento do processo de monetização? Talvez dessa forma a blogosfera (falando aqui da blogosfera em língua portuguesa) poderá crescer em credibilidade não só entre os usuários menos experientes, mas também, entre os com maior nível de instrução.
Peço desculpas pelo comentário alongado, mas acho que pensando a título de SEO, até que não será prejudicial.
24/06/2013
Fonte: blog; Portal da Renda.com
Jota Fagner
Peço permissão para um comentário mais longo, mas que não foge ao cerne deste artigo e da temática do blog em si:
Aprendi muita coisa aqui no Escola Dinheiro. Tenho acompanhado desde a época em que ainda se chamava Fique Rico. Excetuando o trabalho que é tentar garimpar informação relevante no meio de tanta publicidade, o Blog tem ajudado muito. Acredito que não só a mim.
Cheguei até a comprar o livro digital produzido por este veículo.
No entanto, até pouco tempo, os artigos aqui publicados pareciam escritos exclusivamente para os mecanismos de busca. Esse fator torna a leitura muito cansativa e dá, muitas vezes, a impressão de que a credibilidade do blog é um tanto duvidosa. Não falo por mim, como eu disse, acompanho já há um bom tempo, e garimpo as informações no meio de todo o resto. Alguns colegas (e não foram poucos) para os quais apresentei o blog desistiram antes de terminarem o primeiro artigo.
Sou jornalista e os colegas, para os quais apresentei o blog, são também jornalistas. A importância que damos à qualidade do texto não precisa ser comentada. O trabalho do jornalista, ou do comunicador, de modo geral, é apresentar ao cliente (leitor, ouvinte ou telespectador) um conteúdo de fácil assimilação, com qualidade na escrita, menor quantidade de erros possível e com uma linha divisória entre a publicidade e o conteúdo informativo.
Não me entenda mal, não digo que os blogueiros devam fazer um trabalho jornalístico, nem muito menos quero reascender as brigas entre um grupo ou outro. A minha intenção é, na verdade, a de procurar um meio termo. Vejo que muitos jornalistas ainda não compreendem as técnicas para a plataforma digital, por outro lado, muitos blogueiros apenas replicam conteúdo. Outros, como é o caso deste blog, possuem o marketing muito agressivo.
Os blogs permitiram a um número muito maior de pessoas amplificar sua voz, de modo que era impensável há 20 anos.
Para imprimir e distribuir um jornal diário, era preciso uma equipe grande e qualificada – e maior ainda para produzir e transmitir um telejornal. A concorrência era limitada por esses custos e dificuldades, bem como pelo alcance geográfico de caminhões de entrega e sinais de transmissão. No pequeno número de organizações com meios para criar e distribuir notícias, estruturas profissionais completas foram erigidas.
Essa institucionalização se deu primeiro em jornais e revistas; a máquina impressora precedeu não só o rádio e o cinema, mas também o motor a vapor e o telégrafo. A estrutura profissional de repórteres, editores, publishers e, mais tarde, ilustradores, diagramadores, checadores e todo o resto do aparato utilizado na produção de um jornal foram erguidos em torno de – ou literalmente “sobre” as – gigantescas máquinas que aplicavam a tinta ao papel. Departamentos de jornalismo de emissoras de rádio e TV seguiram o mesmo padrão, inventando categorias e práticas profissionais para subdividir e sistematizar tanto o trabalho como distintas categorias de profissionais envolvidos na produção de notícias para a radiodifusão.
Foi então que chegou a internet, cuja lógica básica – a reprodução digital, disponível universalmente, sem divisão de participantes em produtores e consumidores – bate de frente com princípios organizadores da produção jornalística vigentes desde o século 17. A abundância cria mais ruptura do que a escassez; quando todo mundo de repente passa a ter muito mais liberdade, toda relação no velho modelo – no qual o meio de comunicação cobrava para “operar o gargalo” – pode ser questionada.
Um tema parecido é a imprevisibilidade e a surpresa. Aqui, a explicação para a crise atual é que mudanças recentes foram tão imprevisíveis e vieram de forma tão rápida que organizações tradicionais foram incapazes de se adaptar. É outra visão equivocada: ainda no fim da década de 1980 já havia projeções plausíveis do problema que a internet causaria para a indústria jornalística e, apesar de muito se falar da “velocidade da internet”, o ritmo dessa mudança foi glacial; se partirmos de 1994 (ano em que a internet comercial se difundiu para valer), executivos tiveram 75 trimestres consecutivos para se adaptar.
Relatos isolados de adaptação (ainda que triunfal) ao atual ecossistema deixam claro quão difícil é essa adaptação. Em agosto de 2011, por exemplo, o New York Daily News fez uma inovação na cobertura ao vivo do furacão Irene, substituindo a página principal do site do jornal por um blog em tempo real, o Storm Tracker.
Isso feito, o jornal despachou repórteres para as ruas. Munidos de câmeras e celulares (em geral, o mesmo aparelho), foram registrar de tudo: o processo de evacuação, a luta de moradores para se proteger da tormenta, os efeitos do vento e da água em si. Essa cobertura ao vivo foi intercalada com informações de serviços de meteorologia, de serviços de emergência e da prefeitura, tudo ocorrendo paralelamente à tempestade.
A cobertura ao vivo da catástrofe no blog do Daily News foi um êxito e rendeu grandes elogios ao jornal. Só que por pouco não ocorreu. O que precipitou o projeto Storm Tracker não foi uma estratégia nova para o meio digital, mas o colapso de uma velha. Já que a sede do Daily News fica em uma região de Manhattan sujeita a alagamentos, a polícia limitou severamente o número de trabalhadores que podiam chegar ao lugar no fim de semana em que o Irene passou pela ilha. A princípio, isso não impediria que se subisse conteúdo digital no site – salvo pelo fato de que o sistema de gestão de conteúdo do jornal fora projetado para dificultar o acesso de quem não se encontrava no prédio.
Como dito anteriormente por Anjali Mullany, pioneira no uso ao vivo de blogs no Daily News e responsável pela operação Storm Tracker, a necessidade de erguer um processo de produção em torno do CMS é um grande obstáculo (não raro invisível) a tentativas de inovação. Nesse caso específico, o Daily News tinha pegado uma ferramenta que podia ter permitido o acesso de qualquer funcionário do jornal, em qualquer lugar do mundo, e acrescentado mecanismos de segurança que, na prática, faziam o recurso agir como uma velha rotativa a vapor: o trabalhador tinha de estar perto da máquina para operá-la – ainda que no caso a máquina fosse um computador ligado a uma rede mundial.
A necessidade por trás do lançamento de Storm Tracker, em outras palavras, não foi achar um jeito novo de levar informação à população de Nova York durante uma tempestade das grandes, mas simplesmente descobrir uma maneira de manter o site no ar quando péssimas decisões de engenharia colidiram com uma tragédia climática.
Esse foi um fator essencial no lançamento do Storm Tracker. Havia outro. Em entrevistas com Mullany sobre o sucesso do projeto, a jornalista observou que por sorte o Irene chegara no final de agosto e não no início de setembro. É que no final de agosto o grosso da alta chefia estava de férias. Não podia, portanto, reverter a decisão do pessoal de escalão inferior, que entende mais de internet, de testar algo novo. (um triste epílogo: durante o furacão Sandy o prédio do Daily News foi alagado e os usuários do CMS tiveram o mesmo problema que durante o Irene; passado um ano da primeira crise, ninguém tinha adaptado o sistema para permitir a ação de uma força de trabalho distribuída).
Durante a retirada de manifestantes do movimento Occupy Wall Street de uma praça em Nova York, em novembro de 2011. A notícia não foi veiculada primeiro pela imprensa tradicional, mas pelos próprios acampados, que avisaram sobre a ação da polícia por SMS, Twitter e Facebook.
Participantes do protesto geraram mais fotos e vídeos do episódio do que meios tradicionais, em parte porque a esmagadora maioria das câmeras estava nas mãos de manifestantes e, em parte, porque a polícia barrou helicópteros da imprensa do espaço aéreo sobre a praça. Repórteres no local escondiam crachás de meios de comunicação, pois o cidadão comum tinha mais acesso à cena dos fatos do que gente credenciada da imprensa.
Um exemplo dessa fase de “apuração” dos fatos veio do blog de ciclismo NY Velocity, fundado em 2004 por três fãs do esporte, Andy Shen, Alex Ostroy e Dan Schmalz. Embora o propósito básico do site fosse cobrir o ciclismo em Nova York, seus criadores foram ficando cada vez mais perturbados com o silêncio público e consciente diante da possibilidade de que Lance Armstrong, sete vezes vencedor do Tour de France, tivesse apelado para a eritropoietina (EPO), um hormônio que aumenta a resistência do atleta. O site entrevistou Michael Ashenden, o médico australiano que criara um teste para detectar a presença do hormônio; na entrevista, Ashenden afirmou que, tendo testado uma amostra de sangue de Armstrong colhida no Tour de France de 1999 (que ele venceu), sua opinião era que o atleta usara, sim, a substância. Foi uma reportagem exclusiva, no velho formato jornalístico. A entrevista, de 13 mil palavras, serviu para galvanizar a opinião de ciclistas que achavam não só que Armstrong conquistara essas vitórias injustamente, mas que o jornalismo desportivo profissional estava disposto a fechar os olhos para o fato. Já os fundadores do NY Velocity estavam dispostos a buscar a verdade de forma tenaz e pública; além de terem suas suspeitas confirmadas, no final também mostraram que profissionais da imprensa simplesmente não estavam cobrindo o fato como deviam – e que gente da área em questão, com empenho e conhecimento dos fatos, podia muito bem preencher essa lacuna.
Em resumo: temos uma imprensa que se adapta muito lentamente e temos os comunicadores digitais que nem sempre estão empenhados em produzir o melhor conteúdo. Pensam, antes, na forma mais eficiente de ganhar dinheiro. Não sou inocente. Percebo que a produção de notícias, mesmo num simples blog, demanda tempo e dinheiro, e sei que o articulista precisa ser remunerado.
Mas, diante de tudo isso, será que não chegou a hora de um maior empenho na produção de conteúdo em detrimento do processo de monetização? Talvez dessa forma a blogosfera (falando aqui da blogosfera em língua portuguesa) poderá crescer em credibilidade não só entre os usuários menos experientes, mas também, entre os com maior nível de instrução.
Peço desculpas pelo comentário alongado, mas acho que pensando a título de SEO, até que não será prejudicial.
24/06/2013
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